“Fragmentos de PESSOA”
“Fragmentos de PESSOA”
15ª Criação ANIMATEATRO
M16 | 50min
Sobre
Fernando Pessoa
A transição do século XIX para o XX traduz uma atitude de inquietude, de crise e grande agitação social. Diferentes movimentos considerados vanguardistas surgem, tal como o futurismo, cubismo, impressionismo, interseccionismo ou sensacionismo, entre outros. É neste âmbito que surge a revista Orpheu, onde colaboram personalidades como Fernando Pessoa, Mário de Sá Carneiro e Almada Negreiros. Na poesia de Pessoa, parte considerável, apresenta características da tradicional poética portuguesa: a métrica popular, os motivos de inspiração (a noite, o mar, as rosas, o azul – a expressão do pessimismo, do tédio, do inefável, da saudade, do passado, da infância perdida). Sente-se uma vaga tristeza de alma sozinha – a linguagem é simples, sóbria e nobre, o ritmo musical é sugestivo. O poeta vive pela inteligência intuitiva e pela imaginação, sofre a dor de pensar, pela obsessão da análise e pela profunda lucidez, a qual choca o leitor. Fernando Pessoa foi, é e será sempre um enigma.
Ilumina-se a igreja por dentro da chuva deste dia,
E cada vela que se acende é mais chuva a bater na vidraça…
A sua obra, lida e apreciada em todo o mundo, constitui um jogo magnífico, pela particularidade de se multiplicar em novos poetas: os seus heterónimos. É criador, não só de poemas como de poetas. Atribuem-se a F. Pessoa a criação de dezenas de heterónimos, poetas excelentes com produção poética autónoma e própria. De entre o leque de heterónimos, homenageamos com este espectáculo: Alberto Caeiro, Álvaro de Campos e Ricardo Reis.
Sinopse
Quase desconhecido em vida, Fernando Pessoa é um poeta que causou grande impacto e que mantém um grande sucesso literário. A força literária reside no imprevisto, no escândalo do que não é normal, no raciocínio paradoxal, no jogo artístico do fingimento. Partindo das cartas a Adolfo Casais Monteiro, onde Fernando Pessoa explica a génese dos seus heterónimos, juntando-lhe o próprio Pessoa o poeta e o homem apaixonado, temos a síntese do espectáculo que aqui propomos. Queremos trazer à superfície toda a relação entre o autor e as suas criações e com isto pesquisar cenicamente as divergências e as convergências. Que diferenças existem nestas personalidades? O Álvaro, o Ricardo, o Alberto e o Fernando? Sabemos que todos chamam “O Mestre” ao Alberto, mas que relação mantém, de onde inicia esta complexidade, que sabemos saiu de uma só pessoa. Pretendemos que, quem assista, encontre a paixão, a racionalidade, a descrença e o desvairamento de tudo. Que chegue a uma conclusão de diferenciação dos estilos e dos poetas. Este espectáculo tem por si só uma componente pedagógica que poderá e será aproveitada pelas escolas secundárias, que assim assistirão cenicamente a uma matéria do seu programa, que pela complexidade do tema, com esta exposição ajudará a um melhor entendimento.
Ficha Técnica e Artística
Textos: Fernando Pessoa | Elenco: Sérgio Prieto | Encenação: Ricardo G. Santos | Assistência Encenação: Lina Ramos | Dramaturgia: Prof. Gabriela Benavente | Cenografia: Ricardo. Santos | Produção: Patrícia Cairrão/ Lina Ramos